sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Boteco Underground descobre Crooneres Decadentes!


Boa noite senhoras e senhores, amados leitores do Jabba's Mos Eisley Cantina! Esta noite, o Boteco Underground importa uma banda pernabucana! A banda "de um homem só" em questão, é a Crooneres Decadentes.
Já insatisfeito com a falta de originalidade no meio musical undeground intergaláctico, Jabba The Hut nos passa uma nova missão, e para livrar nossos pescoços de uma possível degola, foi nos imposto o dever de encontrar em outras partes do Brasil, som independente de qualidade.
Sem mais esperanças em encontrar bandas que possuam música própria sem se voltar para o clichê (inaceitáveis no Boteco Underground por motivos óbvios - de mesmice o mundo está cheio...), e já auto condenados a perder a cabeça perante o mestre Jabba, surge o Crooneres Decadentes!
Lançando agora seu EP intitulado "Istmos", e conquistando a produção independente pernabucana, a criação de Raoni Santos apresenta hoje no Boteco Underground o processo de criação e produção de um EP totalmente artesanal, mostrando que a vontade de fazer música é o principal ingrediente para levar uma carreira de músico independente adiante.
Ao aproximar-se para beber um copo de rum no balcão do boteco, não nos contivemos e abordamos Raoni Santos para questionar-lhe a respeito de Itsmos.

GREEDO:  Então, gostaria de saber a princípio que instrumento você toca e a quanto tempo o Crooneres Decadentes está na ativa?

RAONI: Eu toco guitarra, violão, teclado, programo baterias e um pouco de baixo. Mas, costumo me definir como um 'pato': mal anda, mal corre e mal voa, mas pelo menos não fica parado. O Crooneres existe desde 2009, abril mais ou menos, foi quando fiz uma apresentação de três músicas na saída da aula da faculdade. Era um projeto de exibição de filmes e eu fiz a abertura musical, apresentei três composições, dentre elas estava 'Variante'.

GREEDO: E como se deu a gravação do EP?

RAONI: Fiz quase 'como sempre': Com o mouse, pois não tenho um controlador MIDI, pagando uma hora em estúdio pra gravar a voz num timbre legal e a guitarra, dessa vez, foi numa plaquinha de som simples que comprei, pra não ter tanto ruído como nos outros EPs. O maior diferencial é que 'Quebrando O Gelo' e 'Pra Não Me Ferir' são todas feitas em programação, não há instrumentos 'reais'. Acho que o maior diferencial é esse, de ter me apropriado mais das possibilidades que a automatização oferece.

Faca o Download de Itsmos AQUI
GREEDO: hahaha BEM independente! E o processo de composição?

RAONI:  Normalmente as ideias vêm em pedaços, às vezes mínimos.... pode ser apenas uma frase ou dois acordes, aí eu não procuro forçar, insistir, enquanto isso vão surgindo outros tantos pedaços e eu posso estar no processo de composição de três músicas, por exemplo. Eu acredito na inspiração e na transpiração em conjunto, mas tem de haver a inspiração, por isso eu procuro fazer com que cada verso, nota e programação sejam puramente inspirados, e não que estejam ali simplestmente por estar, pra cumprir tabela.  Primeiro vem a música (produzo em escala industrial), depois o casamento com a letra (que produzo em escala artesanal, a conta-gotas) e depois disso os arranjos e aí sim a programação. Outro método que usei nesse EP foi o de ter brainstorms antes, ou seja, eu gravei umas oito músicas entre outubro de 2011 e março de 2012 que iriam realmente ser o terceiro trabalho do crooneres, o que acabou não acontecendo. Resultado, gravei mais três (Do Jeito que a gente quer, quebrando o gelo e pra não me ferir), duas dessas faixas foram pra um split com um argentino, as outras duas são 'diálogo privado' e 'a longa espera pelo acaso', e ainda existem mais quatro arquivadas, fora as ideias que vêm surgindo...

GREEDO: Há muito de suas influências musicais no seu som? Pode citar algumas bandas que inspiraram o som diferenciado que você faz?

RAONI: Eu acho que há fragmentos sim das influências, pois sempre há resquícios. Só que não procuro fazer tudo tão igual, não quero ser retrô. Gosto do João Gilberto, do Death From Above 1979, do Mombojó, do Loomer, The Kills, Libertines, Strokes, Daft Punk, Mstrkrft, Ludovic, CSS, The Whitest Boy Alive, Caetano Veloso, Queens Of The Stone Age, No Age, Broken Social Scene, enfim, é do que me lembro agora, teria que consultar a pasta 'Minhas Músicas' no computador. (risos) em mais coisas, por exemplo, adoro os Smiths e O Ira, Pato Fu, The Who, Sex Pistols, aí vou lembrando....

GREEDO: Whoa! E as influências são das melhores! Suas influências são basicamente anos 90 e 2000 em sua maioria, e isso é bacana também. Visto que o processo de composição de suas músicas é bem "artesanal", pode-se classificar como som experimental, digamos assim...?! E os shows ao vivo? Como faz?

RAONI: Creio que sim, pois procuro explorar outras possibilidades que vão desde a própria estrutura da música, pois quase não há refrão, até os timbres mesmo, pois procurei inserir barulhos, ambiências, texturas e até tambores(!). (risos) Bem, ao vivo é somente voz e guitarra. Esse formato é exatamente como a música nasce: com a voz e a guitarra, depois é que vou arranjando as coisas no teclado e então vou colocando nota por nota no mouse, nos programas de criação.

GREEDO: Enfim, e quanto aos selos independentes? Você já tentou entrar em contato com algum selo local ou de fora do seu estado?

RAONI: Ainda não, embora até tenha feito uma arte gráfica pro EP. mas não entrei em contato ainda... Eu tenho um outro projeto e vou recomeçar a trabalhar nele com calma, esse sim eu posso levar ao vivo com mais tranquilidade...

GREEDO: E como está a cena independente no seu estado e município? Alguma banda ou festival para indicar?

RAONI: Sinceramente, quase não tenho idéia de como está em Petrolina ou em Pernambuco, no geral. O pouco que vi foi pela internet mesmo, há uma movimentação em Floresta, que tem ou teve o festival Sertão Itaparica Mundo, que trouxe Bárbara Eugênia, Cidadão Instigado. Banda pra indicar? Deixa eu ver.... pode ser o Crooneres Decadentes? (risos) As que me lembro agora são o Voyeur, Julia Says, Mellotrons, The Dead Superstars....

GREEDO: Para finalizar... alguma dica ou conselho de como se levar uma carreira independente adiante?

RAONI: Bom, que as pessoas busquem fazer o melhor com o que tem em mãos, seja o que for, pois, de início, o que importa é a exposição das idéias. Ah, e que eleas tenham em mente de que é uma busca incessante e até uma negação benéfica do que se faz, ou seja, pra melhorar você tem que desenvolver uma visão crítica do seu trabalho.

GREEDO: Vale Raoni! Bora continuar o trabalho por aqui, que a correria 'tá grande nesse boteco!


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